terça-feira, 3 de julho de 2012

Anarquia, Liberdade e Diversão


Por: Markin Dessanti

"A interpretação de Marcelo em Malucos Virtuais é sem dúvida a representação mais visceral da cena vespasianense"
Marcello Zalivi

Graças a uma campanha consciente do sistema, o significado da palavra anarquia se perdeu no imaginário popular, sendo freqüentemente confundida com o conceito de bagunça, desordem e confusão. Ledo equívoco. Dentre as diversas formas de conceituação da anarquia, tenho especial apreço por uma que, a meu ver, sintetiza de forma breve e contundente o real significado anárquico: "A anarquia é a liberdade em seu mais alto grau de expressão".

Eis que essa anarquia libertária se personificou no dia 02/07/2012, no Festival de Inverno de Vespasiano, sob a forma de um avassalador show do mais puro rock, executado com maestria pela lendária banda All Keith.

Após algum tempo de inatividade, a banda retornou aos palcos em grande estilo, fazendo da Praça JK em Vespasiano/MG, um manicômio a céu aberto, transformando a todos os presentes em "Malucos Virtuais", mas apesar da loucura ser virtual, a energia que emanava da banda era muito real e propiciou ao público momentos de liberdade em seu mais alto grau de expressão! Liberdade de espírito, rompendo a barreira da razão compulsória, oferecendo a todos a oportunidade de questionar o mundo, mudar as perguntas e subverter as respostas.

Logo no início do show, surge Marcelo atado em uma camisa de força, lutando para desvencilhar-se dos nós que o oprimiam, das limitações de movimentos e pensamentos que lhe eram impostos, mas mesmo ainda limitado, mesmo ainda batalhando por sua liberdade, ele canta! Diante das dificuldades, continua seu caminho e finalmente é agraciado com a vitória, quando a camisa de força vai para o chão e a banda segue, livre, rumo aos céus. E nessa viagem, o All Keith levou a todos nós!

O som agressivo da cozinha formada pelo baixo de Elisângelo Jean em conjunto com a bateria furiosa de Felipe Braga permitiam os voos insanos de Fredy Silva na guitarra. Tudo isso, por sua vez, criavam o clima necessário para que Marcelo Mendes exercitasse sua aptidão a frontman com perfeição. Canções empolgantes, distorção rasgando almas, bateria precisando ser contida por auxiliares de palco para não se desfazer em mil pedaços, baixo pulsando no peito, gritos e letras contestadoras, liberdade!

Talvez alguns tacanhos psiquiatras, ao verem tudo aquilo que se desenrolava na praça, enxergassem apenas bagunça, desordem e confusão, porém os "Malucos Virtuais" que compartilharam com a banda esse momento tão especial são gratos ao All Keith, pois todos , público e banda, puderam voltar para casa carregando nos lábios um sorriso e na mente memórias vivas de pura anarquia, liberdade e diversão. 



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